Tenho…

Tenho um aperto no peito e duas músicas na cabeça.
Tenho um dilúvio a forçar as costuras que trago dentro de mim e uma barragem prestes a dar de si.
E depois há as vozes.
E ele.

E repete.

Tenho uma pressão no peito e duas melodias melancólicas na cabeça.
Tenho um monstro a forçar as costuras que trago dentro de mim – e que não consigo pintar de ouro – e uma barragem de lágrimas à beira do limite.
E depois há as vozes.
E ele.

E repete.

Tenho um desespero a invadir-me o peito e ruídos em várias línguas na cabeça.
Tenho um descontrolo inexplicável a forçar as costuras que trago dentro de mim – às quais ponho mais uma camada de maquilhagem, para disfarçar – e um tremor nas mãos irrequietas.
E depois há vozes.
E ele.

Que me segura e tenta selecionar os pensamentos que são para ficar e para deixar ir.
E há culpa. E há dor. E há sofrimento por antecipação. E há ansiedade. E há frustração. E há desilusão. E há falha. E há incapacidade.

E há a luta de evocar todas as graças e esperar sentir a imensidão da gratidão por tudo – e que é quase tudo na minha vida – o que é bom, sagrado, positivo e maravilhoso.

E repete.

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