Setembro chega sem se fazer esperado.
Volta a rotina de trabalho, aulas e etc. Ninguém espera o fim das férias, o fim do Verão. Tal como não esperava que já se pusesse frio, ou estar onde estou.
Inicio projectos, debato ideias, penso e medito e crio mil aventuras novas!… Que com dor guardo na gaveta, tal como o pai da Wendy o faz com coragem.
Se me falta tempo, não me falta inspiração.
Mas se assim é, como passo de um dia de agenda preenchida a “arrumei o quarto e vi um filme”? Como explicar que quando tenho tempo fico sem inspiração?…
Talvez a solução para a falta de inspiração seja mesmo comer uma banana*. Talvez seja adoptar um Minion ou cantar a cantilena dos Estrunfes.
Pode ser viajar, dormir na praia ou dentro do carro, peregrinar.
Pode ser muita coisa.
E… para a falta de tempo? Para aquele que deixamos escapar, que nos foge, que não recuperamos, que gastamos inutilmente? O que fazer com ele?
Abro e fecho a agenda, bufo, ponho lembretes no telemóvel, sento-me e levanto-me, dou um volta, vou beber “café”, como chocolate. E repito o processo.
Os papéis, os e-mail’s e a roupa acumulam-se pelo quarto. Olho, abro a janela para entrar ar, voa tudo, desisto e vou apanhar sol.
Enceto fugas sempre que (e mesmo que não) possa.
E sonho com o dia em que me ponha a correr, a correr, a correr, a correr, a correr, sem parar, sem que ninguém seja capaz de me apanhar.
Precisava de mais vidas a fim de fazer tudo quanto quero.
Preciso de no fim da vida achar que estive totalmente errada.
Ardo em curiosidade sobre o futuro, sobre as coisas daqui a 5, 10, 25, 50 anos.
Para já, peço ao corpo inquieto que tenha força para viver hoje intensamente. O hoje e o amanhã. Bufando, retorno a abrir a agenda, pego no estojo e encho os espaços em branco. Vejo os e-mail’s e trato do que é importante, não deixando nada para trás, nada pendente.
Depressa passa a manhã… Mas há sempre tempo para procurar inspiração.
(*filme “New Years’Eve”, 2011)