Aqui

Ecoa-me numa constante: “Esta é a noite!…”

Conheço esta sensação de urgência em escrever, procuro de onde surge, o que a causa, tento racionalizar a emoção, a dor, a alegria… Tudo voa tão rápido. E em mim a escrita faz o seu papel de varrimento mental, libertando o coração (e as lágrimas) que precisam de liberdade. Quão complexo é viver, que me traz a imensidão da felicidade e a profundeza da tristeza, num ímpeto único? Aprendendo a se não anular, renunciam ao domínio, co-existindo para prejuízo de uma e necessidade da outra.

“Esta é a no-oite!…”

E tendo tanto, mas tanto que fazer, encontro-me parada sem encontrar sentido no fazer, como se fossem vãs todas as minhas preocupações e angústias, restando somente a preocupação e a angústia. Mergulho a letargia em que forma de arte? Porque tardam tanto as lágrimas, que me assaltam o ânimo, a partir para o meu rosto?

“Esta é a no-o-oite!…”

Faltam-me os sinos, a carpete, o silêncio, a vigília da noite, o chá quente, o cheiro das velas (espera, que este posso resolver já…), a harmonia familiar e a cumplicidade da irmandade. Enquanto me invadem imagens de um futuro próximo, que por hábito continua a mudar de rosto, e oiço já o fulgor da festa de bairro e de pessoas errantes em demanda, e o meu coração é já ninho de amor e pássaro que migra ao encontro da Primavera.

Só que hoje estou aqui. Aqui. A perceber como se vivem os momentos. Aqui.

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